segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma Folha De Papel Em Branco



O mineral desintegra-se, se desconstrói, constrói
Um ponto, um linha, um passo
Negro, deixa seu rastro
Nela, faz-se o seu traço
Braço de um rabisco longo, curto, reto, curvilíneo
O vegetal seduz o mineral
Ausência atraída pela totalidade
Atraído por ela, ele vai, vai
Vai pra deixar sua impressão nela
Sua marca nela, na alva, na folha
Ele entende sua mensagem
Entende platonicamente a expressão do embrião ideal
Por meio dele, do inorgânico nela, na cria rabiscada, concretizada
Há uma mensagem nela, na folha de papel em branco
Talvez nem todos consigam entendê-la, Talvez
Mas ela existe, Nela
Ela é livre, tão quanto a intensidade apaziguadora de sua cor...
Livre como o reflexo de todos os tons que ela pode traduzir
Libertina, amoral como a universalidade caótica de tudo o que nela pode ser inserido
Democrática para o bem e para o mal
para a letra avulsa ou codificada, para o número perdido ou calculado
Sedutora de todo o imagetismo imaginado
Ela é a opção mais racional para qualquer criação
Sedutora das mãos, do manuseio, da manipulação da ideia
Ora, se manipulada ela não é livre
Ah! Ela é libertadora, sim, sim...
Liberta a cria interna, embrionária, ou pronta
A cria ativa, criativa, criadora
Se riscada, liberta. Se liberta, aonde? nela, na libertina
Na folha alva, branca, passiva...
A esfera suja, nela desliza, grafa, grafia
A pena escreve, pinta, borra
A cera a colore, a tela a recria
O ponteiro escreve nela
Se morta é apenas um formato geométrico bidimensional
Se viva chamam de tábula
Como era eu, como era você, uma tábula, rasa, a folha do Locke

terça-feira, 4 de maio de 2010

O Cilindro de Ciro e a atual política iraniana


Por Philipe Ben Avraham

O Irã é um dos países que mais viola a declaração dos direitos humanos no mundo hoje, não apenas na retórica anti-diplomática, mas na prática, cerceando a liberdade de expressão, oprimindo mulheres, matando homosexuais e adeptos da fé bahai com políticas anti-humanas. O país se auto-considera uma democracia teocêntrica, entretanto o extremismo teocentrico iraniano tem pormenorizado significativamente o que eles convencionam de democracia.
A "democracia" iraniana foi exposta ao mundo na Eleição presidencial de 12 de junho de 2009, demonstrando o descaso que a atual oligarquia iraniana tem com a opnião pública. Numa atuação forjada, Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito. Corajosamente a massa popular saiu às ruas para protestar contra o resultado eleitoral fraudado, entretanto foi logo silenciada pela força violenta do estado, ratificando as palavras de Weber: "O Estado(nos limites de um território) reivindica o monopólio da violência legítima como um instrumento de domínio".
Além de todas essa violações aos direitos humanos o Irã está investindo na fabricação de um arsenal nuclear, com declarações cínicas de fins pacíficos para tal prática, e uma das finalidades pacíficas declaradas pelo atual presidente é "o sonho ver Israel varrido do mapa".
Paradoxalmente o Império Persa é gerador da primeira declaração de direitos humanos na história, criada por Ciro II da Pérsia ou Ciro, O Grande, o Cilindro de Ciro é um importante documento de tolerância e respeito ao outro. Esse imperador permitiu que escravos fossem libertos do cativeiro babilônico, decretou a liberdade religiosa, foi conhecido por sua generosidade com os povos conquistados poupando-lhes a vida sem tirar-lhes a liberdade, além disso abusou da diplomacia para evitar conflitos.
O Irã é uma continuação da Pérsia, mudou seu nome para República Islâmica do Irã, preservou o idioma que é conhecido como Farsi, que na verdade se chama Parsi, mas a falta da letra "p" no idioma árabe lhe legou essa nova grafia, é um país rico em cultura e o povo iraniano é conhecido por amar poesias e contar histórias. Apesar da repressão à imprensa, o Irã é o maior país com blogueiros no mundo os quais cumprem o papel de criticar o estado. A civilização que gerou os direitos humanos na história, hoje é a que mais os desrespeita, com abusos como torturas prisões, execuções e julgamentos injustos e sumários executados por instituições governamentais paralelas e fora dos limites da Constituição Iraniana, como os tribunais revolucionários e clericais, legitimados pelo estado teocêntrico após a revolução de 1979, que mudou as diretrizes do país persa para um sitema repressivo e inumano.